Case MedHouse

Como oferecer serviços de saúde de forma remota, garantindo eficiência, eficácia e segurança? Além disso, como poderíamos conciliar com serviços presenciais que estão voltando ao normal?

Cenário

Após a chegada da pandemia de Covid-19, as pessoas começaram a evitar sair de casa, ir a lugares com aglomeração e consequentemente deixaram de frequentar hospitais e consultórios.

Esse comportamento gerou outro problema: problemas de saúde que já possuem tratamento começaram a ser ignorados. Doenças como câncer e infarto não tiveram sua gravidade consideradas, sendo deixadas de lado. Até tratamentos de HIV começaram a ser abandonados, por medo da contaminação por covid-19.

Desk Research

Iniciamos o processo de imersão com uma desk research para entendermos os problemas e o cenário atual do desafio. Procuramos e reunimos informações sobre o tema, onde nossas principais fontes foram notícias jornalísticas.

Esse processo deu início à criação de uma matriz CSD: certezas, suposições e dúvidas.

Certezas

Suposições

Dúvidas

Objetivos de negócio

Tivemos como objetivo de negócio, facilitar e agilizar o agendamento de consultas e exames médicos das pessoas que estão com medo de ir hospitais ou clínicas médicas, diminuindo o contato físico entre os pacientes.

Necessidades dos usuários

A partir da desk research, criação de personas e entrevista com usuários, observamos algumas necessidades que os usuários tinham em comum:

  • Uma plataforma de fácil uso e entendimento;

  • Serviços de atendimento em domicílio e consultas online;

  • Uma fonte de informações confiável;

  • Uma forma de manter sua agenda médica organizada.


Contexto de uso

Com a pandemia as pessoas diminuíram a frequência em hospitais e clínicas de saúde, por medo da contaminação por COVID-19. Com isso as pessoas passaram a utilizar aplicativos de saúde para agendar consultas, tanto presencialmente, em domicílio ou por vídeo-chamada.

A partir dessas observações, desenvolvemos um aplicativo pensando nas necessidades do usuário, como: conseguir fazer uma consulta online, pegar resultados de exames ou até mesmo lembrar as consultas que têm de fazer.

Priorização de solução

Observando as dores e desejos de nossas personas, resolvemos fazer uma matriz de impacto x esforço priorizando soluções que seriam de grande impacto para os usuários juntamente a um pequeno esforço para a equipe.

Muitas ideias foram colocadas no quadrante de alto valor e baixo esforço, assim resolvemos realocar as soluções e aplicar novamente a matriz, priorizando novamente e chegando ao seguinte resultado:

Foi entendido que as soluções encontradas para serem aplicadas no futuro aplicativo seriam:

  • consultas online/video chamadas;

  • agendamentos online de consultas presenciais e online;

  • alertas de exames de rotina.

Proto-personas e storytelling

Para aprofundar o público-alvo, que seriam pessoas necessitadas de atendimento médico durante a pandemia, foram criadas proto-personas. Decidimos chamar nossas personas de proto-personas por não terem sido validadas antes da criação. Além disso, foram criadas estórias para ilustrar e entender melhor a situação de cada um.

Storytelling de José

Nossa primeira proto-persona é o José, de 72 anos. José é um jornalista aposentado, casado e com 5 filhos. É diabético e hipertenso. Atualmente José vive com sua esposa e ocupa seus dias cuidando de suas plantas e fazendo consertos pela casa. Sempre que possível, passa um tempo com sua esposa e seus netos. Todas as manhãs ele lê seu jornal, e todas as noites ele assiste ao noticiário.

"O mundo hoje em dia é muito complicado. Saudades da época em que conversávamos de verdade, sem telas."

Apesar de ler diariamente e gostar de estar informado, José não nega sua paixão por documentários de jardinagem. José tem muita dificuldade em usar a tecnologia hoje em dia, e além disso também tem muito medo de ir a consultas e ser contaminado pelo vírus. Por esses motivos precisa estar sempre pedindo ajuda aos seus filhos para acompanhamento médico, entre tantas outras atividades tecnológicas.

José gostaria que existisse alguma tecnologia mais acessível e que mostrasse notícias verdadeiras, sem tantas mentiras disseminadas pelo meio do caminho. Ele odeia pedir ajuda para tarefas tão simples. Também seria de boa ajuda fazer seus exames de rotina sem sair de casa e em segurança.

Storytelling de Lucas

Lucas, de 22 anos representa nossa segunda proto-persona. Lucas é estudante de administração, mora com seus pais e é soropositivo. Atualmente ele passa o dia inteiro e casa e assiste a suas aulas a noite de forma remota pela internet. Mesmo já tendo tomado as duas doses da vacina, Lucas ainda tem medo de sair de casa e continua isolado com seus pais, pois todos eles são de grupos de risco. Antes da pandemia, Lucas gostava de sair com seus amigos, curtia cinemas e baladas. Atualmente trocou as atividades por séries e filmes, mas já está cansado da mesma rotina de sempre.

"Já assisti tanta série esse ano que o catálogo até acabou. Ai que saudade de uma baladinha!"

A situação piora para Lucas quando precisa buscar seus remédios no SUS, criando mais medo do que o usual, pois não pode correr o risco de contaminar a si mesmo ou seus pais. Por conta de ter parado suas atividades sociais na pandemia, Lucas está cada vez mais sedentário e já sente seu corpo doer. Pelos tantos motivos, entrou em depressão e não sabe como tratar.

Lucas sonha com um mundo em que não precise viver com o preconceito. Seria incrível poder tratar sua depressão e ansiedade social, podendo sair novamente de casa com segurança e sem tantas preocupações.

Storytelling de Bruno

Temos aqui nossa terceira proto-persona, o Bruno, de 32 anos. Bruno é médico especializado em cardiologia. Atualmente trabalha em uma clínica durante o dia e em dois hospitais, realizando também plantões de emergência quando necessário. Ele mora com sua noiva Luiza e seu cachorro Belchior, e ama passar tempo com eles. Cozinhar é terapia, especialmente acompanhado de uma cerveja com um violão para finalizar. Quando tem mais tempo, curte andar de bike, mas isso é uma atividade que anda em falta ultimamente.

"Queria tanto ter tempo para descansar com minha noiva e não me preocupar tanto com compromissos de trabalho..."

Bruno é uma pessoa um pouco bagunceira, o que o faz não conseguir organizar tempo na agenda para seus pacientes, plantões e atividades pessoais e de lazer. Assim ele acaba não tendo tempo para se divertir ou para cuidar da própria saúde. Aliás, a academia está paga há meses e pode contar nos dedos as vezes que conseguiu se exercitar.

Sua meta atual é conseguir terminar de pagar seu apartamento, e para conseguir precisa de algo que o ajude a organizar seus horários de trabalho de maneira efetiva. O próximo passo é encomendar um bebê quando tiver algum tempo livre, que será totalmente ocupado pelo filhote.



Proto-jornada do usuário

Cenário: O usuário necessita de agendamento de consulta para controlar sua diabetes. O usuário não gosta de ir ao hospital. Ele também não é familiarizado com tecnologias, mas seu médico está cadastrado em um aplicativo.

Cenário: O usuário necessita de agendamento de consulta para controlar sua diabetes. O usuário não gosta de ir ao hospital. Ele também não é familiarizado com tecnologias, mas seu médico está cadastrado em um aplicativo.

Wireframe de baixa fidelidade

Após o processo de imersão e indexação, chegamos à etapa de definição. Focando em facilitar agendamentos de consultas médicas, concluímos que a melhor solução seria um aplicativo mobile. Nossa solução foi altamente afetada pelo briefing que sugeria um aplicativo como solução para o problema.

A escolha de um aplicativo mobile fez sentido dentro das necessidades dos usuários, além de ser um meio de acesso fácil para boa parte da população.

Começamos a elaborar a nossa ideia com um wireframe de baixa fidelidade. O fluxo foi pensado de forma em que o usuário consegua visualizar datas e médicos disponíveis sem a necessidade de possuir uma conta no aplicativo.

Amadurecimento e verificação de ideia

Ainda no processo de definição, com base nas pesquisas de desk research, questionário e entrevista, chegamos à seguinte conclusão: os usuários precisavam fazer exames de rotina para evitar o agravamento de algumas doenças.

Podemos ver no relato a seguir uma entrevistada que foi diagnosticada com câncer de mama após ficar um ano sem realizar seus exames de rotina durante a pandemia.

"Em 2020 fiquei com medo de ir para as consultas para fazer os exames de rotina que faço anualmente. Quando fui em 2021, fui surpreendida com um câncer de mama".

Técnicas de pesquisa com o usuário

Após nossas pesquisas iniciais e criação da matriz CSD, muitas dúvidas surgiram, então primeiramente elaboramos um questionário, para sanar essas dúvidas. Logo após o lançamento do questionário realizamos uma entrevista com profissional de saúde.

Questionário

Nosso questionário tinha um público-alvo relativamente amplo:

  • Pessoas que realizam consultas, exames e tratamentos médicos.

  • Pessoas que pararam de realizar essas atividades durante a pandemia.

Hipóteses que queríamos responder:

  • Pacientes não confiam em triagem feitas por assistente virtual.

  • Não fazem exame de rotina anualmente;

  • Não se organizam para realizar exames de rotina;

  • Não sabem a importância dos exames de rotina;

  • Tem dúvidas de quais exames devem realizar;

O nosso questionário deveria responder:

  • A pessoas se sente seguras em realizar consultas online?

  • As pessoas se sentem seguras em colocar dados médicos dentro do aplicativo?

  • Como está funcionando os agendamentos online para os atendimentos presenciais

Ao final desse questionário, esperávamos ter uma lista de problemas e recomendações para elaboração da nossa solução.

Entrevista com usuário

Como o nosso questionário focou nos pacientes, decidimos entrevistar uma funcionária de uma UBS, para entendermos o lado dos médicos e administração.

A nossa entrevistada se chama Gisele, ela atua como auxiliar administrativa na UBS. Após a pandemia, passou a acumular cargos e atuar também na recepção da UBS. Diversos funcionários foram aposentados e demitidos, sem previsão para substituição.

Gisele atende cerca de 30.000 pacientes e o horário para realização de consultas e exames foi reduzido, devido à vacinação de covid-19.

Atualmente o sistema está sobrecarregado e há uma fila de espera de 2 a 3 meses para agendamentos.

A entrevistada relata que muitos desses problemas são ocasionados pela atual administração e poderiam ser resolvidos internamente com mais organização.

Na UBS, só é possível agendar exames e consultas de forma presencial. Telefones e WhatsApp são utilizados apenas para tirar dúvidas gerais.

Ao ser questionada sobre uma possível solução digital, Gisele disse que não sabe se a solução digital seria uma boa ideia para os pacientes, já que muitas pessoas sentem a necessidade de ir pessoalmente ao local, como uma forma de manter relações sociais ou até mesmo lazer.

Gisele comentou que o que mais demanda tempo em sua rotina, é o agendamento de consultas, pois o sistema é precário e ela necessita colocar diversos dados de pacientes em diversas plataformas diferentes. Ela ainda complementou, dizendo que um sistema online de saúde integrado seria uma ótima solução para os seus problemas.

Em relação à segurança e cumprimento das normas sanitárias, Gisele disse não haver material suficiente para garantir a segurança de todos os pacientes da UBS.

Alguns dos resultados obtidos:

Apesar das notícias falarem que muitas pessoas deixaram de frequentar médicos, 85,4% dos nossos usuários não deixaram de realizar suas rotinas de saúde.

A maior parte dos entrevistados entende a importância dos exames médicos de rotina.

Apesar de muitas pessoas ainda não terem utilizado serviços de consultas online, grande parte acredita ser um serviço positivo.

Benchmarking

Os retângulos em verde são pontos positivos do aplicativo e os vermelhos são pontos negativos.

Layout das telas principais

Guia de estilo

Acreditamos que o cenário pandêmico merece um pouco de calma. Baseando no livro "A psicologia das cores" de Eva Heller, foi criado um guia de estilo com cores de efeito tranquilizador.

O aplicativo traz as proporções 60:30:10 na utilização das cores. Combinamos proporções de verde, azul e um pouco de branco para criar a cor predominante e escolhemos tons de cinza e uma cor de destaque que encaixasse no efeito desejado.

Outro fator levado em consideração foi a acessibilidade visual, tanto no contraste de cores utilizadas, tanto na acessibilidade de daltonismo. Em relação à fonte, decidimos utilizar a fonte Nunito por ser arredondada e de fácil leitura.

O nome do aplicativo remete ao atendimento médico em casa, transparecendo também em sua logo: o caminho do batimento cardíaco formando a letra M seguindo até sua casa.

Protótipo

A seguir temos o protótipo do fluxo de agendamento de consultas:

Conclusão

O desafio com base em um problema real, do entendimento até a finalização, partindo das necessidades dos usuários, é um processo extremamente desafiador e gratificante.

Além dos processos de UX, podemos afirmar que os conhecimentos em outras áreas agregaram muito para o projeto.

A partir de nossos estudos pensamos em uma solução que poderia resolver determinado problema para uma parcela de nossos usuários. Cada decisão foi tomada cuidadosamente pensando na melhor experiência para aquele usuário.

Não houve tempo para validação da ideia com testes de usabilidade, então essa seria a nossa primeira etapa de melhoria. Gostaríamos também de finalizar todos os outros fluxos do aplicativo para obter um trabalho completo.

Da ideia inicial ao produto final, todo o processo foi de engrandecimento para a equipe, onde pudemos aprimorar nossas hard skills (conhecimentos de processos, pesquisas, uso de softwares, etc.) e soft skills (trabalho em grupo, comunicação, saber escutar e debater, etc.).

Deixamos nossos sinceros agradecimentos a todos os instrutores que nos guiaram ao longo de 4 semanas nessa jornada, a toda a equipe da Usemobile e todas as pessoas que se mobilizaram para a realização desse bootcamp.